terça-feira, 21 de abril de 2015

O sexual do machão

Comentando o “Se eu fosse você''
A questão da semana é o caso do homem que sofre por se sentir obrigado a corresponder à expectativa sexual das mulheres que o desejam. Pelo visto ele paga o preço por ter sempre que provar que é “macho”, ou seja, não poder recusar mulher alguma em nenhuma circunstância.

Apesar de a maioria dos homens ainda perseguir o ideal masculino da nossa cultura — força, ousadia, sucesso, poder, nunca falhar —, eles estão começando a se sentir exaustos. A partir de um estudo que durou nove anos, o americano Anthony Astrachan publicou o livro “Como os homens se sentem”, onde explica como essa busca leva à perda da autonomia.

Poucos homens conseguem experimentar a intimidade emocional com a mulher, em vez de somente a sexual. Não é de se estranhar, então, o resultado de um importante estudo sobre sexualidade realizado nos Estados Unidos, que mostrou que quase a metade de homens e mulheres americanos sofrem de disfunção sexual.

Mas acho que vai além; o machismo também prejudica muitos aspectos da vida de ambos os sexos. Homens e mulheres foram inibidos na sua capacidade para o prazer sexual. As mulheres tiveram sua sexualidade reprimida e distorcida, a ponto de até hoje muitas serem incapazes de se expressar sexualmente, muito menos atingir o orgasmo.
Os homens, por sua vez, também tiveram a sexualidade bloqueada. A preocupação em não perder a ereção é tanta que fazem um sexo apressado, com o único objetivo de ejacular. A mulher acaba se adaptando ao estilo imposto pelo homem, principalmente por temer desagradá-lo. Resultado? Nenhum dos dois usufrui do prazer que um bom sexo
proporciona.
A sexualidade típica do machão é na maioria dos casos impessoal, estereotipada e limitada. Cumprir o papel de macho é o principal objetivo. Trocar afeto e prazer com a parceira é secundário. Importante mesmo é o pênis ficar ereto, bem rígido e ejacular bastante. A mulher, para tal homem, só é interessante como meio de lhe proporcionar esse prazer que, na realidade, não tem nada a ver com prazer sexual.
Durante muito tempo a visão que se teve da mulher, e na qual ela também acreditou, era assim: frágil, desamparada, necessitando desesperadamente encontrar um homem que lhe desse amor e proteção e, mais do que tudo, um significado à sua vida.
Mas quando começou o movimento de emancipação feminina, os homens ainda acreditavam que não tinham nada do que se libertar, desprezando o fato de que o sistema patriarcal oprime ambos os sexos, e estar submetido ao mito da masculinidade não é nada fácil.
A maioria dos homens ainda persegue o ideal masculino – força, sucesso, poder –, mas eles têm as mesmas necessidades psicológicas das mulheres: amar e ser amado, comunicar emoções e sentimentos. A questão é que desde crianças são ensinados a desprezar as emoções delicadas e a controlar os sentimentos.
Demonstrar ternura, se entregar relaxado à troca de prazer sexual com a parceira, é difícil; perder o controle ou falhar é uma ameaça constante. O processo de socialização que transforma os meninos em homens “machos” impede a espontaneidade na relação com as mulheres. É impossível ser amoroso quando se é “travado” emocionalmente.
Nos papos com os amigos eles aprendem a contar vantagens, suas conquistas sexuais e detalhes engraçados sobre as transas, muitas vezes desvalorizando as mulheres. Se os fatos correspondem ou não à realidade é o que menos importa. O sexo passa a ser um esporte, um jogo, em que se disputa a dominação da mulher.
Esse roteiro “homem-caçador''/ “mulher-presa'' causa sérios prejuízos à sexualidade masculina. Os homens são levados a organizar sua energia e percepção em torno do desempenho e, assim, se transformam em máquinas de fazer sexo, preocupados apenas
em “marcar pontos” e ter ereções.
Apesar das aparências em contrário, na vida adulta a sexualidade masculina continua sendo uma experiência ansiosa e limitada. Poucos homens conseguem conhecer a intimidade emocional com a mulher, em vez de somente a sexual.
Pesquisas mostram que os homens que definem as relações humanas em termos de papéis rígidos “masculino-superior” e “feminino-inferior”, assim como os que definem sua identidade masculina em termos de controle, violência e repressão dos afetos, apresentam, em muitos casos, um quadro de deterioração da sexualidade.
É inegável que a masculinidade está em crise. Nos últimos quarenta anos foi constatado nos homens o aumento da depressão psicológica e em vários países registram-se doenças do homem esgotado. Todo o esforço exigido deles para ser considerados “homens de verdade'' provoca angústia, medo do fracasso e dificuldades afetivas.
Mas como resolver o impasse entre a proibição social de expressar sentimentos considerados femininos e a crítica cada vez mais acirrada ao homem machista? Como os homens podem recuperar sua autonomia?
Talvez o jeito seja se unir às mulheres e, examinando o mito da masculinidade, repudiar essa masculinidade como natural e desejável. Nem todos aceitam o roteiro do macho e cada vez mais homens, em todo o mundo, tomam consciência da desvantagem desse papel e empreendem a desconstrução e a reconstrução da masculinidade.

Comentário !!! do povo 01
Difícil a condição masculina nos dias atuais: Se o homem avança é "gavião"; se fica na dele é "boioila". Para a mulher o homem ideal deve ser, no mínimo, forte, carinhoso, próspero, inteligente, divertido, amigo, bom de cama, compreensivo, elegante, generoso, habilidoso, saudável, não erre na previsão do tempo, mecânico, caseiro, não goste de bobagens como futebol e cerveja com amigos, adore a mãe dela e a queira sempre por perto, trate bem seus cunhados e empreste dinheiro a eles com alegria e por aí vai. Com tudo isso satisfeito, a maior parte delas acaba dando um pé no cara e trocando-o por um zemané qualquer, por considerar sua vida um tédio.
comentario !!! do povo 02
Por que "desconstruir a masculinidade"?Por que o macho não pode ser alguém masculino mas que divide tarefas com quem convive?Nada tem a ver com masculino ou feminino.Tem a ver com respeito mútuo. Todo o texto poderia tratar apenas de uma coisa.Respeito. Vejo no Shopping alguns homens carregando minúsculas bolsinhas das namoradas/esposas. E elas sem nada na mão.Qual o sentido disto?Se ela não quer sair de bolsa, não saia.Que prova de amor tosco é esta?Geralmente, há mulheres que querem "afeminar" o homem para passar a ter uma posição de mando no casal.Podem reparar na vida real se não é assim. Se trata de poder. Casais inteligentes vão se moldando um ao outro.É como uma empresa.Cada um vê onde atua melhor e participa para o crescimento da vida a dois. Quanto a Lennon, muitos alegam que a YOKO dava as regras.Este papo de desconstrução masculina...Eu não quero desconstruir a feminilidade das mulheres. O segredo é respeito mútuo.

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